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sábado, 26 de abril de 2014

Finalmente a CURA da AIDS



Ele é rudimentar. É uma bolinha minúscula, de 130 nanômetros, com apenas nove genes dentro. O vírus HIV não se compara, nem de longe, à sofisticação de uma célula humana (que tem 20 mil genes) ou mesmo uma bactéria (500 genes). Mas ele mudou a história da humanidade: espalhou pânico, transformou hábitos, arrasou países africanos, matou 30 milhões de pessoas. O homem respondeu criando os antirretrovirais, remédios que contêm a multiplicação do vírus e evitam que o soropositivo morra de Aids. Hoje, 8 milhões de pessoas têm as vidas preservadas por esses medicamentos. Eles não são uma cura, pois não eliminam o vírus - que continua escondido no organismo.

Mas essa história está prestes a dar uma virada dramática. A ciência finalmente descobriu como dar o último passo: arrancar o HIV dos lugares onde ele se esconde no corpo humano. No último ano, vários grupos de pesquisadores comprovaram que é possível expulsar o HIV de seus esconderijos e jogá-lo de volta na corrente sanguínea - de onde ele poderia ser eliminado, livrando completamente o organismo do vírus. Ou seja, cura. Os pesquisadores mantêm cautela, mas a possibilidade tem gerado euforia em setores da comunidade científica. Parece que, depois de passar as últimas décadas tomando dribles do vírus, a humanidade finalmente pode ter descoberto uma forma de encurralá-lo. "Há dois anos, se alguém falasse em cura, seria considerado maluco. Isso era considerado impossível", diz John Frater, imunologista da Universidade de Oxford e um dos líderes do Cherub (Collaborative HIV Eradication of Viral Reservoirs), projeto que reúne cinco universidades inglesas num estudo contra o vírus. "Estou genuinamente entusiasmado", afirma.

A técnica de expulsão do HIV é a inovação científica mais importante, e instigante, das últimas décadas. Mas não é a única novidade na luta contra o vírus. Há pessoas que, por meio de outros procedimentos médicos, foram curadas da Aids. Em alguns casos, elas desenvolveram resistência ao HIV; em outros, o vírus desapareceu do organismo. Você vai conhecer essas histórias a seguir.

ONDE O VÍRUS SE ESCONDE
Como o HIV é muito pequeno, penetra facilmente nas mucosas genitais durante o sexo, e delas vai para a corrente sanguínea, onde encontra sua vítima: as células T, peças centrais do sistema imunológico. O vírus penetra nessas células e as escraviza, transformando-as em máquinas de produzir HIV. É um processo diabolicamente eficiente, que gera 100 bilhões de novas cópias do vírus por dia. No começo, a pessoa não sente nada, no máximo febre e um mal-estar discreto. Mas as células T vão morrendo até que, após alguns anos, o sistema imunológico fica comprometido - e a Aids se instala.

Existem dois tipos de células T: as ativas e as inativas. É como no exército. Alguns soldados estão de prontidão nos quartéis e outros vivem na reserva, podendo ser convocados em caso de emergência. O HIV infecta tanto as células ativas quanto as inativas. O problema é que os medicamentos antirretrovirais só agem nas células ativas. Nas células inativas, que vivem numa espécie de hibernação, o remédio não faz efeito. Isso porque essas células não contêm um montão de HIV dentro. Na verdade, é algo mais assustador ainda.

Elas têm o vírus HIV copiado dentro do próprio código genético. Isso significa que, conforme vão sendo ativadas pelo organismo (um processo natural, que acontece ao longo da vida de todo mundo), começam a se reproduzir - e fabricar enormes quantidades do vírus. É por isso que os medicamentos antirretrovirais não curam a Aids. As células T inativas funcionam como um enorme reservatório de vírus. Ele até vai sendo esvaziado aos poucos, na medida em que as células inativas vão sendo repostas pelo organismo e o vírus vai sendo eliminado pelos medicamentos, mas isso leva uma eternidade: segundo estimativas, pelo menos 60 anos. Ou seja, o portador de HIV tem mesmo de passar a vida toda tomando antirretrovirais (que provocam efeitos colaterais como hipertensão, diabetes e danos aos rins, fígado e ossos).

A menos que exista uma forma de esvaziar à força os reservatórios de HIV.

Essa possibilidade começou a se desenhar em outubro de 2006, quando o governo americano autorizou a venda de um novo medicamento, chamado vorinostat. Esse remédio foi criado para tratar o linfoma cutâneo de células T, um câncer no sistema imunológico. Esse câncer se manifesta na forma de lesões na pele, mas se origina no sangue. Ele é tratado com quimioterapia. Mas a quimioterapia só funciona bem com tumores que se multiplicam bastante (porque ela age na reprodução celular). E o linfoma cutâneo não é assim. Por algum motivo, ele faz o corpo aumentar a produção de histona deacetilase (HDAC), um tipo de enzima que faz as células pararem de se reproduzir. E isso reduz o efeito da quimioterapia. O vorinostat bloqueia a ação dessa enzima, colocando o câncer de novo em estado de multiplicação - e vulnerável à quimiotepia. Atiçar o câncer é uma estratégia arriscada. Por isso, o vorinostat só é usado em casos graves, nos quais dá resultado (70% dos pacientes respondem a ele).
A infecção - e o caminho da cura
O segredo está em acordar células dormentes, onde o HIV fica escondido

1. Contaminação
O HIV entra no organismo. Ele se instala nas células T, que são responsáveis por coordenar a ação do sistema imunológico. Há dois tipos de célula T: ativa e inativa. O vírus invade ambos os tipos.

2. Invasão do DNA
O HIV entra na célula e se infiltra no núcleo dela, onde está o DNA. As células ativas se multiplicam - e, com isso, multiplicam o HIV.

As células inativas não se multiplicam. Graças à ação de uma enzima, elas ficam dormentes (e o vírus também).

3. O tratamento tradicional
Os medicamentos antiretrovirais, usados hoje, conseguem bloquear a progressão do HIV - e controlar a Aids. Mas não agem nas células inativas, onde o vírus fica escondido. Se a pessoa parar de tomar os antirretrovirais, o HIV "escondido" acorda. E a Aids volta.

4. A nova tática
Um novo tipo de medicamento é capaz de fazer as células inativas acordarem: e botarem para fora o HIV que trazem escondido. O vírus é jogado na corrente sanguínea.

5. A eliminação
Os antirretrovirais agem sobre o HIV, permitindo que ele seja eliminado.Os reservatórios vão sendo esvaziados, até não restar mais vírus.

Mais tarde, alguns pesquisadores descobriram que o vorinostat também tinha outro efeito: ele desperta as células T adormecidas. E isso é valiosíssimo no combate ao HIV. Porque quando essas células acordam, elas começam a se reproduzir e jogar vírus no sangue - onde ele fica vulnerável à ação dos remédios antirretrovirais. O HIV é eliminado, as células T morrem e, se esse processo for repetido por tempo suficiente, é possível eliminar todas as células infectadas - e sacar o HIV do organismo.
David Margolis, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), foi o primeiro cientista a testar esse procedimento. "Tive a ideia de acordar o HIV e empurrá-lo para fora do corpo, permitindo a erradicação do vírus", diz. Depois de obter resultados positivos em testes de laboratório, ele ficou três anos pedindo permissão às autoridades de saúde americanas para fazer um estudo em humanos. O vorinostat tem efeitos colaterais, como fadiga, diarreia, hiperglicemia e anemia. Em casos raros, pode levar à formação de coágulos no sangue, o que é perigoso. Mas o grande receio era quanto ao vírus da Aids. Afinal, acordar células dormentes e estimulá-las a produzir HIV envolve risco. E se o vírus surgisse com alguma mutação, e os medicamentos antirretrovirais não fizessem efeito contra ele? Os pacientes seriam inundados pelo HIV, e morreriam.

Mesmo assim, Margolis obteve autorização para fazer o teste em oito portadores de HIV, que receberam vorinostat. Os resultados foram publicados em 2012 - e reanimaram o interesse da comunidade científica. Uma única dose de vorinostat aumentou em mais de quatro vezes a quantidade de vírus no sangue dos pacientes. Ou seja, a tese se comprovou. Funcionou. O remédio conseguiu o que era considerado impossível: expulsar o HIV de seus reservatórios (e fez isso sem provocar efeitos colaterais relevantes). Mas foi um estudo de breve duração. Agora, Margolis está realizando uma nova experiência, na qual os pacientes recebem mais doses de vorinostat, durante mais tempo.

Pelo menos um estudo, feito pela Universidade de Aarhus (Dinamarca) em parceria com a Universidade do Colorado (EUA), comprovou o mesmo efeito em células humanas testadas em laboratório. "Ainda temos um longo caminho, mas acredito que a cura para o HIV seja alcançável", diz Ole Søgaard, líder do estudo dinamarquês. Søgaard está finalizando um novo estudo, desta vez dando o remédio diretamente a pacientes, e publicará os resultados nos próximos meses. Pesquisadores da Universidade de Monash, na Austrália, também estão testando o vorinostat e devem publicar resultados em breve. A equipe pioneira, de David Margolis, continua aperfeiçoando a técnica - em estudos que envolveram cientistas da Universidade da Califórnia e uma pesquisadora da multinacional farmacêutica Merck.

Ainda há dúvidas sobre o procedimento. Qual a dose ideal do medicamento? Por quanto tempo? Ele é o remédio ideal, ou surgirão outros? "É como o AZT, que foi a primeira droga da sua classe (antirretroviral). Talvez a gente encontre drogas melhores, ou resultados melhores combinando essa droga com outras", diz Margolis.

Também há um dilema ético envolvido. Como convencer um paciente que toma antirretrovirais, e por isso está com o HIV sob controle, a participar de um estudo que envolve risco de acordar uma doença letal? "Os métodos que temos hoje são eficazes, relativamente seguros, bem tolerados e não tão caros", afirma Daniel Kuritzkes, chefe do AIDS Clinical Trials Group (ACTG), um dos maiores grupos de pesquisa na área.

Além disso, um paciente curado pode ser facilmente reinfectado - basta fazer sexo sem proteção com alguém que tenha HIV. O ideal mesmo seria criar uma vacina contra o vírus. Infelizmente, o vírus conseguiu burlar todos os esforços nesse sentido. Há várias razões que dificultam o desenvolvimento de uma vacina. A primeira é a intensa variabilidade do vírus. Embora o HIV seja dividido em somente dois tipos, 1 e 2 (que têm origem em primatas diferentes), ele sofre constantes mutações dentro de cada tipo. Estima-se que a capacidade de mutação do HIV seja mil vezes maior que a do genoma humano. Isso torna o HIV imprevisível e complica bastante as coisas. Como preparar o corpo para se defender se ninguém sabe exatamente como o vírus pode se comportar? Mesmo assim, os esforços seguem: em maio, um novo teste de vacina foi anunciado por pesquisadores do Imperial College, de Londres, que farão um estudo em Ruanda e Nigéria e divulgarão os resultados em 2015.

Mas, mesmo sem uma vacina, e com a técnica de desinfecção ainda em testes iniciais, já existem pessoas que chegaram lá - foram curadas do HIV.
Fonte: revista SUPER INTERESSANTE.

7 comentários:

  1. Essa doença nunca terá cura porque as industrias farmaceuticas lucram muito com as medicações, é assim que funciona o mundo capitalista, Marlon Parabéns pelo blog e pelo seu livro.
    Augusto -SP

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  2. Tenho o virus hiv a quase trinta anos, vivo muito bem apesar do susto que tive quando soube. O HIV já não é um problema para os soropositivos, o preconceito sim ainda é um problema. Sobre a cura segundo meu medico que é um dos melhores do Brasil esta muito proxima, ele afirma que o virus hiv esta com os dias contados, agora mais do que nunca ha uma necessidade de cura porque a rede publica e nem os convenios tem mais condições de oferecer tratamento para tanta gente.
    Ass. Tatiana

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  3. Precisamos votar em politicos que insentivam o investimento em pesquisas.
    Jaqueline

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