Pleno em meu próprio inferno.
Devoto de uma vida pela qual feri meu rosto buscando-a.
Menino pelo sorriso pronunciado.
Homem pelo medo irrenunciável de uma estrada que nunca foi de meus pés.
Tornei-me contraditório por excelência; mais que
isso, me perdi e tornei-me refém do contraste que
busquei para me livrar definitivamente do fim das
coisas.
O veneno deixado em minha boca matava não a
mim, mas ao profético.
Até mesmo o contente em mim anunciava o suicídio
do suspiro mais radioso que eu poderia ter.
A minha nudez denunciada pelas digitais de uma
pessoa qualquer, evidenciava meu corpo, mas em
meu corpo não havia sequer um punhado de mim
e assim a sedução se fazia e eu não participava.
Então eu, miserável sem um sonho para comer,
me sentia suspenso pela própria vida.
Bastava perder um pouco o dom da alucinação e
eu já não conseguia refazer os soluços de meu sorriso.
Era de endoidecer ver que nada em mim era aceso
de fato.
Mas era interessante ver um pouco de todos que
eu era no escuro necessário de cada carinho.
Toda gente amou de loucura sem fim, não a mim,
mas a tudo que doía em mim. O descanso encontrado apenas no lúdico era pouco a pouco derradeiro.
Teu orgasmo foi minha primeira comunhão, depois me deu seu silêncio desertificado cheios de palavras de navalha.
Não me destes o que havia prometido, justamente teu calor mais bonito, e todos que partiam deixaram apenas um pote cheio de fumaça, tolice, frio e dor.
Guie-me entre teus intrigantes relevos
Faça-me sentir teus pontos de impacto.
Escravize-me; faça meu corpo teu desejo
Espete-me até o capeta lamber meu sangue.
Leve-me aos maus caminhos
Deite-me e seja má
Castigue-me, dinheiro na mão cueca vermelha no chão, essa é a LEI.
Deixei perdida em algum lugar a minha face e quando dei por mim só restava o amor ao meu odioso disfarce.
PRÍNCIPE MARLON