De que vale a mesa posta se os discípulos estão brigados?
De que vale o mar a frente se o barco está furado?
De que vale ter a senha se o cofre foi roubado?
De que vale o abraço, se o amor está cansado?
De que vale a flor no peito, que me mantém acordado, se o mundo está armado?
Tem homens, que sentem excitação por estatuas, leva flores, beijos, amor puro e depois vai embora.
Não sei mais o que dizer da minha solidão, mas gosto com adoração de ser um homem desocupado. A cada dia descubro mais prazer na inutilidade.
Paralisado no escuro do meu quarto, fico paralisado e completo. Completamente inerte, mas completo.
As gays desocupadas são as únicas felizes. . .
Desligaram meu coração, apagaram minha canção, e abortaram minha oração.
Ontem um rapaz que vive a pichar muros nas madrugadas, conversou comigo, no final, ele tentou me beijar, recusei, pela primeira vez eu senti um carinho paternal por um rapaz bonito, tudo aquilo era novo para mim, ele foi embora seguindo sua vida louca e eu fiquei aqui seguindo minha vida oca.
A Bruna quando não conseguia me amar do jeito que eu estava, ela me amava pela criança pura e doce que fui, mas na estação passada ela morreu em um desastre de avião. Quem dera que eu pudesse latir tudo que penso, Era tudo verdade, ela vivia confundindo liberdade com estado civil. Não sei se ela realmente merecia o silencio da morte, mesmo a querendo. Ela viveu todos os deslizes na crença irrecusável de que somente as adulteras são felizes. . .
Já experimentei ódio e amor com igual fervor, na mesma cama, na mesma hora, na mesma dor.
Um homem, de cabelos pretos hoje colocou fim na vida de uma arvore a mais bonita, morri junto com ela, será mesmo que existe plural na palavra saudade?
O significado da palavra liturgia é a passagem de Deus por nós, hoje eu o vi, ele brincou comigo, bagunçou meu cabelo e depois se foi riscando fósforos.
A morte da arvore chegou perto da minha velha desconfiança, de que somos todos arvores, sem vida, sem fruto, sem lucro.
Já sofri demais por hoje, o que ainda me resta de minha penitencia vou deixar para o ano passado.
Somos todos arvores disfarçados com roupas de viver.
Marlon-Príncipe maluco