Surpresa

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Emocionado


Penso em minha mãe. No seu jeito triste de me amar. Gostaria de vê -la só mais uma vez. Só pr ter a oportunidade de dedicar-lhe um olhar demorado, sem distâncias. Queria ficar com ela em solidão. Destrancar seus lábios para que pudesse falar de seus medos, receios, desejos. Queria sentar com ela na cama, entrelaçar-lhe as mãos em movimento de cumplicidade e contar-lhe tudo que a vida me permitiu viver, e ouvir as confissões de seu coração envelhecido. Queria perguntar-lhe o que nunca soube perguntar. Queria desenterrar de sua boca a risada, o grito, o desabafo. Queria fazer o que nunca recordo ter feito. Aconchegar minha cabeça em seu colo, pedir-lhe socorro e proteção. E depois, balbuciando como uma criança que se sabe amada, eu lhe pediria que me retornasse ao ventre. Pe. Fábio de Melo

Clarice Lispector



Louca, hermética, mística, genial, inovadora: adjetivos que perpassaram toda obra escrita de Clarice Lispector. De origem pobre, a jovem escritora judia de sotaque engraçado, causa espanto e admiração no cenário da literatura nacional com o lançamento do seu primeiro livro: Perto do coração selvagem. O romance antecederia as principais características das obras subsequentes, a principal delas, o rompimento da lógica cartesiana no romance. Introspectiva para aqueles que não a entenderam, a escritora dá lugar ao pensamento, ao fluxo, escrevendo apenas, como que para salvar a vida de alguém (sem compromissos com o cânone), talvez a dela, como viria a dizer. Sua escrita é selvagem e convence apenas por ser; suas personagens, assim como sua criadora estão no limiar da descoberta, dos pequenos delitos, das fugas morais, na recriação do mundo e do próprio fazer literário. Em Clarice, biografia e obra se confundem, se misturam, a confissão impregnada nas personagens em terceira pessoa traz em seu cerne um naco grande de carne e essência da escritora, talvez, por isso, ela ficava oca quando terminava de escrever. A palavra para ela é além, é corpórea, matéria vertente, água em fluxo corrente.
Marlon-Príncipe maluco

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Perdão


Hoje acordei o céu estava tão azul que me senti totalmente perdoado por todos os meus pecados, inclusive os que eu ainda não cometi.
Marlon- Príncipe maluco

Por Max Dolafera-MG


Pornográfico, veloz e recheado de emoções. Super indico!
É impossivel ler esse livro e continuar sendo a mesma pessoa. Pura reconciliação entre erotismo e afetividade!
Adoro quando autores fogem do ponto comum. Explora-se tanto uma literatura claramente comercial, que sobram poucos livros que fogem de uma estrutura já batida. O GOSTO DO SEXO SEM ROSTO me ganhou exatamentepor fugir do estilo de trama com grandes reviravoltas, amores ardentes e impossíveis e criaturas inomináveis. O que temos nesse livro é a vida, pura e simplesmente. A vida em páginas, em palavras, em literatura.
Sempre admirei a capacidade dos escritores de escrever histórias de muito interesse nem sempre repletas de dramas, de questões filosóficas, mas centradas em ações enraizadas no dia a dia, que refletem as pequenas frustrações cotidianas e dão uma sensação de satisfação ao leitor que se reconhece, que entende o drama emocional contido numa indecisão, num gaguejar, na dúvida excruciante. Poucos são mestres da insinuação, das reticências carregadas de emoção ou frustração. Essa maneira de retratar os pequenos dramas diários humaniza os personagens. Parte-se do pequeno gesto para se encontrar a verdade universal.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

A pior das dores




Queria aprender a gerenciar tantos sentimentos ao mesmo tempo,queria sentar no colo maternal do mundo, chorar por tudo que se perdeu, por eu ter me perdido sem precisar dar explicações.Cada dia sei menos de mim.Já fui pranto, já fui canto, já fui tanto que prefiro esquecer.Quanto mais olho para mim puro de amor inocente mais a distancia aumenta e mais ainda me desconheço. Pai nosso que estais no céu santificado seja teu nome, porque tornastes meu coração morada derradeira de tantas contradições?
Marlon- Príncipe maluco.

domingo, 17 de julho de 2016

Carvão e ternura'' natural''




, acordei atormentado tudo era escuridão me veio à lembrança de um tempo que eu era criança e um homem de olho marrom orou por mim e pela primeira vez aos nove anos me senti gravido de tolice e Paraíso, e nem tudo que vive merece viver a julgar por um homem que matou uma criança começando a corta-la por dentro, isso alguém me disse no passado, experimentei a cegueira mansa e repleta de medo inocente, em meio a um pavor confortável caminhei um pouco e consegui acender a luz do quarto, quase morri de susto parecia-me que um mundo acabava de se apresentar para mim, fui tomado por uma saudade possuída de carinho de ontem pelo do mundo de antes, do escuro que não era escuro, do nada que me dei sempre por carinho e segurança. Somente no escuro eu conseguiria me percorrer inteiro sem ficar escandalizado já no meio do caminho, sentei no chão acendi um cigarro e me dei conta que o mundo era o mesmo que eu nunca aprendi a amar, me dei conta que o mundo não é feio somente porque não sou dele, o mundo é bonito eu por ter sido brutal nunca soube habita-lo sem feri-lo. Acendi outro cigarro em seguida apaguei, não fazia mais sentido porque amar não é outra coisa se não entrar no tempo do outro, eu queria mesmo era rasgar essa parede que há no mundo e só eu vejo, queria rasga-la e descobrir o que há de fato depois dela, não estou falando de morte, estou falando do mistério. Confesso que o mundo foi vitima de minhas cuspidas violentas, mas ele não foi sempre vitima, houve um tempo que parecia que ia da certo, mas ele vinha e eu ia ou vise versa, tudo parecia jogo entre meu corpo retalhado o coringa e o mundo. Sinto pena do mundo e raiva também, porque ele poderia ter me arrastado pela minha mão infantilizada e ter me levado à força para fora de mim, eu sempre quis esta fora de tudo àquilo que me lembrava a minha humanidade furtada. O meu tesouro maior e mais bonito pousa em teus braços como maldição e você não quer, mas eu entendo e perdoou. Eu queria nunca ter descoberto que o amor mata, se eu fosse outro bicho e não gente, eu não morreria de amor, eu não precisaria das migalhas divinas que os homens chamam de milagres, eu tomaria banho de sol, de chuva e de sombra ou nem tomaria banho, sem culpa, sem precisar fazer esse esforço vulgar arrastando meu corpo pintado de estrelas cor de rosa até o botão que acende a luz do quarto e ser obrigado a reverenciar esse desacordo eterno entre meu corpo sujo e as ordens de Deus. Não vale a pena à alma presa, não vale a pena à luz acesa, para mim o sentido de tudo é rasgar o manual, abrir meu cofre de indigências e oferecer ao mundo, ser livre de fato, ser livre de fome, sim porque é o contrario do mundo que mata minha fome, a minha sede mais bonita sempre foi de beber o avesso do mundo. Alguma coisa em mim morreu só me dei conta no ultima domingo. Uma vez uma amiga me disse ao telefone que domingo é o dia perfeito para morrer, ela me disse que domingo Deus descansa e os viventes ficam todos entregues ao desarrimo. Prontamente perguntei: qual é o destino dos finais? Ela me contou tudo sem pudor, sem medo, sem culpas, mas prometi não revelar e guardei segredo. Posso da a Deus metade da minha paciência, mas não ela toda, entregar-me ao estase de pura paciência encheria meu corpo de chagas e eu morreria afogado em minha própria mansidão. Eu posso renascer ou pelo menos tentar se eu tiver a coragem penitente e resignada de apagar a luz do quarto, sem querer salvar o pão nosso de cada dia que outrora vi pisado, esmagado e molhado de chuva falsamente redentora, sem o velho aluamento de achar que eu poderia ver o mundo sem sangrar como uma galinha que alimenta homens quase do bem. Talvez eu consiga aplaudir a minha morte( agora estou falando da morte propriamente dita), mas eu também sei que a minha humilde vida e minhas sobras de amor pelo mundo não reduz em nada aquele olhar do moço que levanta cedo com um olhar cor de nada, em busca de uma estrada ou uma espada afiada que o proteja dessa sina sem sabor de vida de seguir honrado de plena lucidez que o levara mudo e cego e todo cheio de esperança ao contrario da imensidão. Voltando a falar do amor antes que eu esqueça, ele também é morte, pior morte acho, porque é diária e não mata de dor, mata de susto e medo. Eu quero nesse transe de amor profundo doar tudo que não vivi tudo que desaprendo a duras penas sobre a linguagem dos homens a alguém, mas não sei a quem, não sei se alguém teria espaço para abrigar minha alma toda riscada, de carvão e ternura natural, mas não como oferenda e sim como prova de amor. Estou doando a minha senha, mas se quiser venha logo antes que eu volte a ser gente atual e comum explorada pelo perdão alheio. Espero que um dia eu seja perdoado por acender a luz do quarto, e acordar antes da hora.
Marlon-príncipe maluco

Para sempre teu


Quando criança eu escrevia poemas e histórias infantis e já me via totalmente vitimado pelo desejo de ser escritor. Cresci, virei um homem, deixei muita coisa para trás e permiti que muitos sonhos se perdessem, mas nunca desisti de minha arte (escrever), e sinto que é só por meio dela é que consigo nascer para a vida de meu coração.
Mandei meus poemas para algumas editoras, mas não houve retorno. Em razão disso comecei a pensar na possibilidade de contar para o mundo experiências vivenciadas por garotos de programa em São Paulo.
Comecei meu trabalho de pesquisa nas ruas. Visitei lugares de orgia, conversei com pessoas que tinham participado de uma, conheci pontos alternativos de sexo livre, onde tive a oportunidade de conversar com pessoas no ponto mais alto de seus desejos. Entendi um pouco o sentido do sexo anônimo, ou sem rosto, e conversei com pessoas totalmente dependentes e viciadas em sexo pago. Visitei também baladas em geral, a “boca do lixo” e outros lugares que no decorrer da leitura você terá a oportunidade de saber. Mas cabe ressaltar que dentre todos com quem conversei, um deles me chamou atenção – Diego pois contava-me uma história carregada de suspense, dor e alegria e porque não dizer, magia.
Resolvi então contar a sua história fazendo uma junção com tudo o que eu havia pesquisado, com minha fértil imaginação e colocando também punhados de minha ideologia. Após inúmeros encontros para a extração de mais informações, Diego, que já havia se tornado meu amigo, colocou em minhas mãos todas as suas anotações secretas e proibidas sobre a comercialização de seu próprio corpo e sentimentos. Comecei então a escrever uma história chocante, e por contar em um livro acontecimentos tão inacreditáveis ou indizíveis, senti medo do julgamento social, do ódio ou de perder o amor das pessoas.
A junção das anotações, a organização do roteiro e a construção do livro, de forma geral, foram tranquilas, pois sou filósofo e isso me garante um domínio razoável da escrita. Eu até ri muitas vezes, mas ao final do livro, que levei três anos para concluir, resolvi ler a minha obra e chorei muito, chorei e me perguntei mil vezes como Diego pôde viver tudo aquilo sem enlouquecer?
Venci o medo, a vergonha e o desânimo. Em nome de minha arte, quero explodir uma bomba de amor no coração das pessoas; se por acaso dentro de você não houver espaço para esta notícia se acomodar não tem importância; de qualquer forma, cumpro meu papel de promover um encontro entre você e sua arma mais poderosa: a reflexão.