Surpresa

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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A barata imaculada


Ontem pensei que eu estava tendo uma crise de epilepsia, mas foi apenas um orgasmo!
Estou morrendo aos poucos, e quanto ao meu espírito, que Deus o tenha se agüentar. Antes disso quero ter um filho que se chamara Diego, ele comera goiabada todos os dias e será lindo como todos que possuem esse nome, legitimados pelas mais lindas luminosidades.
Hoje senti a presença dela, eu daria todo resto da minha vida para ter um abraço seu vovó. Mas a morte não tem volta como tudo que escrevo.
O mundo é pesado à gente tem que tirar forças de onde não se tem mais para fazê-lo girar, empurrando, empurrando, empurrando para ver se ele gira e alguma coisa melhora. Pura ilustração da eterna luta pela sobrevivência.
Oro e choro ao mesmo tempo para tentar lidar com esse desmanche que se tornou meu falso paraíso.
Estou fraco por todos os apelos de paz não atendidos, reprimidos, inutilizados e esquecido em um empoeirado porta retrato.
Circo, carnaval, futebol, sexo e gloria retalharam minha história.
Passei cem anos procurando a senha para girar sorridente no carrossel, nem que fosse por alguns instantes. O paraíso é mentira, o paraíso é improviso.
Estou tentando me reconciliar com a minha amarga escrita, através dela morrer será minha obra mais bela.
Apesar da fé, esperança e amor o pódio da vida é sempre a dor.
Meu Deus é bruto e minha resistência se tornou apenas insistência inútil.
É cada vez mais difícil juntar na mesma cama, duas pessoas com a participação da palavra amor.
Me coração acabou de ser desafiado, ofendido, aprisionado e desprezado.
Nunca me senti tão livre para viver e morrer.
Espero que alguém segure minha mão quando eu não suportar mais o punhal da vida. Eu espero e desespero.
Hoje apareceu em meu apartamento uma linda e delicada barata, lembrei que Bob Marley dizia que tudo que vive merece viver.
Eu a apanhei em minha mão e soltei na janela, com a esperança que ela voe e fique entranhada nos longos cabelos loiros de alguma madame loira e rica. Juro se algum dia em encontrar uma já morta vou transformá-la em um baseado e a fumarei sem culpas como fazem todos os maconheiros, que sabe assim eu seja promovido e não precise mais penar nessa infernal torre de babel.
Fumar causa câncer, viver também.
Quero ficar brisado de tanto fumar a barata, ao passo que não creio mais na luz, creio apenas na iluminação.
Cada cigarro que acendo e fumo com muito gosto e prazer é na verdade um surto adiado.
Em uma mão o cigarro e em outra a vela que coloco aos pés da cruz entende meu amigo/irmão?
Hoje minha cartomante me falou que sou a reencarnação de um palhaço Argentino que morreu queimado no próprio circo.
Por Deus me deixa ser exatamente como sou, pode chamar de solidão, clareza, lucidez, depressão eu não ligo, me deixa sozinho como um cão roendo seu osso. Não sou como você e nem como os outros que te acompanham cheio de amor às avessas, talvez eu seja pior. Você não tem obrigação de me engolir, só eu tenho.
O calor do meu cigarro embaçou o seu retrovisor, dos males é o menor.
Ontem eu tinha na mão um copo de cachaça, hoje tenho em uma mão um copo de cerveja e na outra um copo de tristeza.
O que desejo para mim é o mesmo que desejo para você meu amigo/irmão.
Que a vida nos retire dos escombros dessa vida raquítica e que possamos gozar junto do vôo mais bonito do mundo, nem que seja com asas emprestadas por borboletas mortas.
Preciso assumir essa minha maldade de querer a morte de uma barata apenas para depois fumá-la até o ultimo trago de vida.
A imaculada barata hoje se tornou meu contraponto, esse é o ponto.
Marlon Príncipe

domingo, 12 de janeiro de 2020

Acabamentos


Não se preocupe comigo, prometo morrer ao vivo.
E eles os semimortos que me julgam sem nem ao menos saber da agonia que passo por trás de tudo que disfarço.
O apostolo Paulo tinha um espinho na carne, e eu como posso ter calma se tenho um espinho na alma?
E essa alegria suicida que sinto quando entro em contato com a palavra muitas vezes me salvou.
Matei Deus e Fujir da gaiola, sou livre, sou?
Assumo com dor e raiva que sou escravo e devoto da palavra, das benditas e das malditas também, com igual fervor.
As pessoas envelhecem, elas estão morrendo, inclusive eu e você que outrora já viu de perto o mais genuíno amor morrer.
Escrever é um desafio penoso e perigoso, mas vou seguindo, até onde? Não sei dizer.
Lembro-me de quando te emprestei meu destino e você dona do mundo, dona de casa e dona de nada me emprestou sua esperança, inútil lembrança.
Escrevo em forma de oferenda de aço e de flores, e quando em penso que já disse tudo meu coma psicológico me diz que ainda falta alguma coisa, o que será? Por Deus o que será?
A única certeza original que tenho e dela não abro mão é o mistério que me engole a cada amanhecer.
Em plena solidão sacralizada o poeta ousou dizer que somente o dinheiro compra o amor verdadeiro. Deixo aqui ilustrado que meu compromisso é com a palavra e não com o outro e assim me recordo que somente os grande tem grandes dores como me disse o professor Ivan Antonio.
Eu quero escrever um livro provavelmente sobre a minha habilidade de me movimentar no escuro, sem ninguém perceber, tudo isso é fruto da minha fragilidade, que não me permite aceitar os acabamentos da vida.
Que possamos sempre reconhecer a força do outro, sem permitir jamais que isso encabule nosso medo mais bonito.
Escrevo sobre flores, quintais e punhal, para esquecer um pouco que toda vida, a minha a sua, possui um golpe final.
Carrego comigo milhares de perguntas e cem mil cérebros de cimentos, de repente tudo em mim é incomunicável, e a resposta que busco tanto mora na infernal casa do silencio.
Escrever é o oficio mais perigoso do mundo, não estou falando de Augusto Cury, Zibia Gaspareto ou Paulo Coelho (embora eu tenho profundo respeito por todos), mas estou falando de quem escreve com o coração na boca como eu.
Escrever é um parto, podemos parir uma flor, ou uma dinamite, depende da lua.
E onde eu vou parar? Onde tudo isso vai parar? Não sei.
Restou apenas eu, a palavra e a minha tão ilustrada deficiência afetiva.
Escrevo me denuncio, me renuncio, me pronuncio e por um breve momento até esqueço que nesse mundo onde sou um mero amador só tem platéia para a dor.
Marlon Príncipe.