Mariana tem 29 anos, professora de educação infantil,corpo bonito, mora sozinha em Ubatuba-SP. Tem um namorado chamado Diego de 35anos, há três anos , segundo ela a atração física e afetiva se tornou totalmente refém de constantes oscilações emocionais, ela também ressalta mais de uma vez que durante a relação sexual com Diego ela sempre pede que ele bata no rosto dela e ele sempre se nega o que provoca nela um desanimo e uma raiva inevitável do namorado. Seus pais moram no nordeste e ela tem pouco contato com eles e com as duas irmãs , que também moram , no nordeste,relata também que é a filha mais velha e que a irmã mais nova suicidou-se ainda recém casada com 23 anos ,logo após sofrer um aborto espontâneo de gêmeos .
Mariana começa a sessão com com os seguintes questionamentos: até que ponto estou doente? Até que ponto sou doente? Até que ponto estou querendo medicar e psicanalisar o que é de fato apenas a minha própria natureza?
Eu devolvi a pergunta, ela ignorou e logo mudou de assunto, dizendo que não sentia mais prazer em lecionar, que quando estava perto do Diego queria está longe, e quando estava longe queria está perto. Não sinto vontade de comer,transar,
Falar no telefone, e dizia que seu corpo o tempo inteiro só pedia cama e isolamento.
Ela também diz que tem passado por crises intermináveis de choro diariamente.
Me explique melhor eu disse!
Não vejo razão para continuar vivendo, ao passo que vou morrer retardada,acamada e sozinha em cima de uma cama, disse a moça.
Eu disse , se acalme, não temos certeza de nada.
Depois de alguns segundos de silêncio ela começou a chorar, eu silenciei em seguida ela começou a contar que havia engravidado aos 20 anos, e durante a gestação foi constatado que ela estava gerando um filho anencéfalo , mesmo tendo ganhado na justiça o direito ao aborto ao posso que a criança morreria instantes após o nascimento, ela optou em seguir com a gestação, mesmo tendo constantemente a sensação de está gerando um velório.
Eu perguntei porque e ela respondeu que tinha uma missão em relação a esse filho que era menino.
Ela respondeu: da um abraço nele antes dele partir, duas horas e dezesseis minutos depois do parto.
Nesse momento eu como psicanalista pela primeira vez tive que fazer um esforço enorme para segurar o choro.
Mariana continuou chorando, e confessou que estava perdendo totalmente a vontade de cuidar da pele, dos longos cabelos pintados de loiro pastel, de tomar banho e até escovar os dentes.
Penso que Mariana, não soube ressignificar o fato de ter perdido o direito de ser mãe, tentei várias vezes pedindo diretamente que ela me contasse pelo menos um pouco de sua infância e todas as tentativas ela ignorou, e logo inseria outra situação, provavelmente para dispersar a minha insistência no tema infância.
Antes do final da sessão ela perguntou se podíamos parar, pois estava sem energia para falar, eu respeitei, concordei e ela se foi.
Mariana penso eu está imensa na depressão mais perigosa, que é a depressão moderada, normalmente pessoas vitimadas por depressão moderada são vítimas de ideias suicidas, uma vez que ainda sobra energia mesmo pouca para articular o fato. Enquanto a depressão profunda dificilmente leva o individuo ao suicídio, pois ele entra em estado de total desolação.
Percebi também em sua fala e gestos sinais de uma possível personalidade histriônica.
Antes de ela partir eu a orientei a não abandonar o tratamento psiquiátrico e nem o processo de analise comigo, ela agradecei pela escuta, me abraçou e me olhou de uma forma que não consegui traduzir.