Nunca foram ouvidas tantas frases feitas como hoje em dia. E existe um clamor, talvez mesmo um modismo, do preciso dizer “te amo”. É tão banal, que nem dá para acreditar que é verdade. São palavras ao vento, que se dissipam com os sentimentos, outrora tão sublimes. E somos enganados por tudo que criamos. Aliás, não sei quem criou esta história de “ficar” com alguém. Mas, o negócio pegou tanto que todo mundo “fica” com todo mundo, mas no fim, “fica” sozinho. E pessoas e coisas ficam todas no mesmo saco do descartável. O que mais vamos inventar?
Tem gente que pensa que relacionamento é miojo. Em três minutos está pronto, fumegante, bonitinho. O problema é que não sacia fome alguma. É aquela coisa instantânea, em que sempre fica faltando alguma coisa. Mas, também, o miojo é algo que não dá trabalho. Está ali, é só seguir uma receitinha, porque todo mundo tem pressa e não quer ter dor de cabeça. Pois relacionamentos mais consistentes precisam de mais dedicação. Demoram a apurar. Mas, são muito mais gostosos. Não é só chegar, fazer acontecer e comer. Tudo tão banal!! Não tem graça…
Tenho visto pessoas cada vez mais insatisfeitas pela falta de maturidade com que encaram os relacionamentos e pela falta de discernimento do que é mesmo o amor. Tudo bem, cada um tem uma noção subjetiva do amor. Mas, de uma coisa eu tenho certeza: amor não dá porrada, não te bota para baixo, não te larga em momento difícil, não te passa a perna, não transforma um sentimento em uma prostituição diária pelo bem estar mútuo. Amor, aliás, é algo tão bom que nem dá para explicar. É algo que transcende. E é algo que dura mais que pilha alcalina.
Mas, num mundo como o nosso – em que tudo parece dentro de uma garrafa PET pronta para ser esvaziada e ir para a reciclagem – é difícil (re)conhecer o amor. E o que temos é um bando de gente comendo tudo quanto é miojo, mas se sentindo vazio por dentro. Um vazio que não há massa instantânea que resolva. Um vazio que pressiona por mudanças, mas que ninguém quer sair à frente e ser o primeiro, embora seja preciso.
Encaremos a realidade: estamos menos felizes, seja com alguém do lado ou sem ninguém. Enjoamos muito fácil das coisas e das pessoas. Não queremos trabalho. Não queremos um miojo que se transforme numa lasanha. E perdemos ainda mais massa encefálica em relacionamentos fadados ao fracasso. Entretanto, não queremos ficar sozinhos. Como assim?
Façamos um minuto de silêncio. Pelo amor que morreu. Pelo amor que não se conhece. Pelo amor miojo. E enterremos tudo o que não faz bem, para o verdadeiro amor renascer. Amemonos mais. E saibamos amar os outros. Pelo bem dos relacionamentos. Pelo nosso próprio bem.
Monica Kikuti.