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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Concordo


Antes sofríamos porque as palavras não eram suficientes para abarcar a nossa dor. Por isso, ficávamos neuróticos. Deslizávamos nas palavras. Isso, em certa medida, continha a nossa loucura. Os psicanalistas nos jogavam nesse buraco, na expectativa de que produzíssemos algum saber novo a partir daí. Antes, sabíamos que não íamos conseguir, mas não desistíamos de procurar. O bom da palavra é que ela não abarca tudo. A palavra cria o desejo de saber. Na ausência da palavra, vem a certeza de tudo saber. O dependente químico está mais que certo que a droga é tudo. A anoréxica está segura de sua salvação pela caquexia. O ninfomaníaco está certíssimo de que transar é a única coisa que importa na vida. Até bem pouco tempo, droga, corpo e sexo era, primeiro palavra, depois ação. Por isso, sabíamos dos riscos. Éramos mais comedidos. Agora, as coisas ganharam o terreno do ato, sem a mediação da palavra. Achamos que sabemos. Tomamos as palavras como se fossem coisas. Achamos que podemos tudo. Banalizamos a existência. Não temos mais a distinção entre bem e mal, vida e morte, alegria e tristeza. Estamos arrogantes e completamente perdidos.
Evaristo Magalhães - Psicanalista

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