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domingo, 16 de agosto de 2020

Morre

A gente morre quando ouvimos do outro lado: hoje não posso, me liga no próximo final de semana.

A gente quer morrer quando, imerso em nosso silêncio ensurdecedor não somos vistos e nem escutados.

A gente morre cada vez mais quando amamos de maneira urgente, e do outro lado da linha existe um amor, cor de nada a decorar lindamente meu céu de estrelas mortas.

A gente morre quando , rezamos , cantamos, choramos e apesar de tudo isso a dor não
passa. Ela insiste em permanecer, marcando território, dia, hora e lugar.
A gente morre de mentira, a gente morre de verdade, têm tantos que vivem de verdade, e tantos e tantos que vivem de mentiras.
A gente morre quando nosso livro preferido, por razões que desconhecemos não faz mais o menor sentido.
A gente morre um pouco quando tudo está perdido e somos castrados tão profundamente que nos roubam inclusive o direito ao grito.
A gente morre mais um pouco quando somos obrigado a admitir que a único coisa do mundo que pode nos levar ao paraíso é injustamente o elevador dos fundos.
A gente pode morrer inclusive quando precisamos tanto de uma palavra amiga, assim como um mendigo há uma semana sem comer precisa de um sanduíche, e o amigo de outrora, não pode ouvir, dizer ou fazer nada, porque está na feira comprando laranjas, tomates e bananas.
Agente pode morrer também quando sentimentos como ternura, gratidão e carinho, se tornam apenas uma espécie de amor pisado.
A gente quer precisa e vai morrer, quando soltamos o mundo inteiro para segurar apenas uma mão e do nada em um dia qualquer de chuva , por crueldade, covardia, ódio ou nada soltam nossa mão, de modo que despencamos violentamente abismo a baixo.
A gente morre, também quando somos obrigados pela vida já morta a admitir que a crueldade irresponsável e covarde da grande maioria possui, corpo, voz e rosto;
A gente nega até quando pode, depois se rende a morte, ao passo que a luta diária de cada um provoca um barulho tão grande que por mais que gritemos, somos apenas e literalmente um mudo a mais em meio à multidão e seu desabamento de egoísmo.
A gente continua morrendo quando vem a tona todo amor não dado porque o ser amado resolveu fechar a porta no melhor momento da brincadeira, e assim nunca mais podemos retornar.
A gente segue vagarosamente morrendo, quando quem amamos tapa os ouvidos com as mãos de propósito afim de não ouvir mais, os nossos desesperados pedido de amor, desesperados apelos de paz.
A gente vai já quase morto em busca de um sonho torto para esquecer o sonho morto.
A gente mesmo parado vai morrendo aos pedaços, quando descobrimos que o amor é uma historinha doce que Deus inventou para nos fazer pegar no sono mais rápido.
A gente pouco a pouco vai morrendo quando percebemos que do nada amor cai doente, do nada ele morre e pela milésima vez continuamos vivos, já mortos.
A gente é tão frágil que quando começamos a ouvir a palavra FIM, muito antes do final dela já estamos mortos.
A gente morre o tempo todo, morre por não saber chegar, morre por não saber ficar, morre por não saber partir. . .
A gente só consegue de fato saber-se morto, quando entendemos que é mais fácil ressuscitar os mortos do que os vivos.
A gente acaba morrendo, existe uma cadeira elétrica chamada vida para cada um de nós, que maravilha morrer com exclusividade, meu Deus é muita maravilha para caber em uma morte só.
A gente morre quando a lucidez atropela a carne marcada e nos estupra a ponto de nos convencer, que independentemente da nossa permanência, ou não permanência o mundo permanece tal qual.
A gente morre, quando de tão embriagado de vida entendemos que o valor pratico de nossa participação em tudo isso é igual a zero.
A gente também morre quando percebemos que passamos maior parte do tempo, explorado pelo amor alheio.
A gente morre na medida em que fica cada vez mais claro que nosso amor, o amor de Deus, de alguns poucos humanos sempre existiu, mas não foi o bastante para preencher todos os nossos vazios, eu quero te perguntar uma coisa posso?
A gente morre quando notamos com certa sutileza, que nosso passado se resume em uma avalanche de brinquedos quebrados, nosso presente se resume em um monte de presentes quebrados, e que tudo isso nos leva a um futuro onde nós somos o brinquedo quebrado.
A gente segue, agora já sem ir a lugar nenhum quando entende que morremos da pior morte: morrer todos os dias em pequenas porções.
A gente acaba morrendo,e nem sempre morremos direito, muitas vezes nos tornamos um corpo correndo, morrendo, girando em torno do nosso próprio cadáver, por décadas, séculos, anos e mais anos, na esperança de encontrar a senha, a chave, a palavra mágica que possa nos levar de volta para a maternidade cheios de vida e vulnerabilidade.
Você é um mistério para mim, o que me consola é saber que também sou um mistério para tu, aguardo ansiosamente pelo toque de suas mãos, prometo, mas não garanto corresponder à altura, em plenitude, amor, ódio e principalmente inteireza, veja bem façamos um pacto divino e carnal de que haja no mínimo inteireza. Antes de tudo , se me permites, quero te fazer uma ultima pergunta, posso?
Marlon príncipe

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