Uma ópera se eleva à imagem de um homem que recita as palavras cantadas pela voz na música, e uma luz vermelha intensifica o impacto da cena aos olhos do espectador. O personagem interpretado por Tom Hanks no filme “Philadelphia” transmite a angústia de alguém que se descobre um portador do vírus HIV na década de 80, doença cercada de preconceitos e julgamentos à época. A história é baseada em fatos, e nome conhecidos como Cazuza, Freddie Mercury, Renato Russo e Keith Haring foram também vítimas da Aids, que teve os primeiros casos registrados nos anos 80. A forma como a doença é encarada mudou radicalmente desde então, mas a pergunta não se calou até hoje: como combater e erradicar esse vírus?
A pergunta parece não ter resposta. A Aids permanece incurável. Mas uma dupla de cientistas brasileiros lidera, desde 2012, uma pesquisa com este fim, a partir de uma descoberta otimista na planta avelós (Euphorbia tirucalli). O professor e pesquisador em genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Amílcar Tanuri e o farmacêutico Luiz Francisco Pianowski trabalham juntos em um fitomedicamento que paralisa a atividade do vírus, e pretendem elaborar uma forma de erradicá-lo do organismo. “Essa descoberta abre novos horizontes na busca pela cura da Aids, já que os atuais tratamentos só agem matando o vírus quando ele se multiplica e sai da célula invadida para entrar em outras”, destaca Pianowski.
A substância extraída da planta avelós, o Ingenol, desloca o vírus da célula infectada e o mata, fazendo com que seja exposto aos antirretrovirais. “O fitomedicamento propõe a cura, quando administrado em paralelo com os coquetéis disponíveis atualmente. Isso porque o fitomedicamento age fazendo o vírus sair da latência e os coquetéis atuais agem no vírus ativo, após sair da latência”, completa.
O processo de pesquisa está em sua segunda fase de testes com macacos e é realizado nos Estados Unidos. Amilcar enfatiza que a análise dos resultados foca, agora, em descobrir a quantidade e o tempo necessários de Ingenol no sangue para erradicar o vírus HIV. “O primeiro teste em macacos foi muito bom. Após um mês de tratamento, eles ficaram seis semanas sem o vírus no sangue, mas como tinha a ‘semente’ dele nas células, ficaram apenas suprimidos. Depois desse período o vírus voltou”, explica. Nesta segunda fase de testes, o tratamento terá duração de dois meses, no que chamamos de teste de dose e efeito. Também será elevado o número de macacos: primeiro foram dois, agora serão oito.
O fitomedicamento foi elaborado em forma de comprimido e os pesquisadores esperam poder testar em humanos dentro de um ano. A avelós ganhou a atenção de Pianowski, já que a planta é usada no Nordeste, local favorável para seu crescimento, para tratamento contra o câncer a partir de uma espécie de leite extraído dela. “Esse leite é diluído em água e dado ao paciente com câncer, e parece que chegou a curar algumas pessoas”, pontua Amilcar.
Ao estudar e usar diversos componentes da planta, Pianowski observou que, ao testar o Ingenol, a substância matava alguns linfócitos, e quis saber qual seria este efeito sobre o HIV. “Fizemos alguns testes in vitro, mas a maioria está sendo feito nos Estados Unidos”, afirma Amilcar. “A pesquisa pode durar alguns anos, já que há uma série de procedimentos necessários até que o medicamento chegue à fase de comercialização”, diz Pianowski.
Assim como o resultado apresentado nos primeiros macacos, o vírus pode ficar inativo por bastante tempo, mesmo que não chegue à erradicação. “A ideia é que não se manifeste mais”, enfatiza Amilcar. “Pode ser que nos humanos tenha um efeito muito bom. Se tratarmos por dois meses, talvez o paciente possa ficar dois anos sem tratamento. Essa é a grande pergunta”, pondera.
tomara que seja verdade
ResponderExcluirDr amilcar é genial, mas a decadas ele esta pesquisando a cura do hiv e nada acontece, mas apesar de tudo vamos manter a esperança.
ResponderExcluirNeide Silva
Sempre me cuido, não sou soro,mas tenho imensa pena dos que são.
ResponderExcluirBoa sorte a todos hiv sempre
Soropositivos não precisam de piedade e sim acolhimento. Obrigado a todos pela visita. Grande beijo!
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