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domingo, 22 de março de 2015

HIV a um passo da cura


Uma possível “cura funcional” para o HIV recebeu aprovação da Food and Drug Administration (FDA) americana para começar mais testes em humanos. O método usa modificação genética para causar uma mutação específica nas células brancas de pacientes com HIV, imitando as pessoas que são naturalmente imunes ao vírus. Até agora, essa estratégia tem se mostrado receptiva e de efeito duradouro.

A nova terapia retira células-tronco de pacientes soropositivos e, através de uma ferramenta de edição genética, faz as células brancas do sangue ganharem uma mutação específica. Essa mutação afeta a proteína CCR5 e interfere na habilidade do vírus de penetrar na células do sangue. É naturalmente presente numa pequena porcentagem da população mundial e faz com que estes indivíduos sejam resistentes à infecção pelo HIV pela vida toda. Embora o vírus possa permanecer no corpo, sem conseguir penetrar nas células T ele não é capaz de se replicar e, como consequência, permanece em pequena quantidade, a qual não compromete o sistema imune.

Em teoria, quando essas células geneticamente modificadas são reintroduzidas nos pacientes com HIV, elas vão repopular o organismo com células que contém a mesma mutação. Em apenas um procedimento, os pacientes com HIV passariam a ter resistência vitalícia aos danos do vírus. O método foi desenvolvido pela Sangamo BioSciences Inc., mas também foi testado em humanos pela empresa Calimmune, de acordo com notícia do San Francisco Business Times.

De acordo com o IFL Science, num pequeno estudo clínico com 12 pacientes, o procedimento foi bem tolerado e apresentou baixo risco de efeitos colaterais. As células geneticamente modificadas ficaram quatro anos dentro dos pacientes. Infelizmente, o estudo não foi grande o suficiente para testar a eficácia do procedimento — o que agora deve mudar, com a atual aprovação da FDA, a qual permite que o estudo seja estendido a mais pacientes com HIV. A FDA também aprovou o início da Fase I do estudo de segurança, o qual consiste em três anos de estudos em humanos para testar uma abordagem que usa outro método de supressão da proteína CCR5.

De acordo com a notícia do San Francisco Business Times, os estudos devem ser conduzidos no centro médico City of Hope, na Califórnia, e está sendo financiado pelo CIRM, a agência estadual de financiamento de pesquisas com células tronco. Pesquisadores da Sangamo BioSciences Inc. e da Keck School of Medicine na University of Southern California vão conduzir os estudos. Serão incluídas pessoas com HIV/aids que tiveram respostas pobres à terapia convencional.

“Esse tipo de trabalho é importante demais para ser experimentando através de um método e esperar para ver seu resultado”, explicou o Dr. Jonathan Thomas, presidente do conselho administrativo do CIRM, ao Imperial Valley News. “Temos a missão de buscar tratamento para os pacientes que precisam. Ao tentar diferentes abordagens, chutando várias vezes ao gol, acreditamos que temos mais chances de obter sucesso.”

O procedimento espera replicar o que aconteceu com o Paciente de Berlim, a única pessoa até hoje curada do HIV. Se for provado que essas abordagens são tão eficazes na prática quanto em teoria, o procedimento pode vir a ser a primeira “cura funcional” do mundo para HIV/aids.

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