A nova terapia retira células-tronco de pacientes soropositivos e, através de uma ferramenta de edição genética, faz as células brancas do sangue ganharem uma mutação específica. Essa mutação afeta a proteína CCR5 e interfere na habilidade do vírus de penetrar na células do sangue. É naturalmente presente numa pequena porcentagem da população mundial e faz com que estes indivíduos sejam resistentes à infecção pelo HIV pela vida toda. Embora o vírus possa permanecer no corpo, sem conseguir penetrar nas células T ele não é capaz de se replicar e, como consequência, permanece em pequena quantidade, a qual não compromete o sistema imune.
Em teoria, quando essas células geneticamente modificadas são reintroduzidas nos pacientes com HIV, elas vão repopular o organismo com células que contém a mesma mutação. Em apenas um procedimento, os pacientes com HIV passariam a ter resistência vitalícia aos danos do vírus. O método foi desenvolvido pela Sangamo BioSciences Inc., mas também foi testado em humanos pela empresa Calimmune, de acordo com notícia do San Francisco Business Times.
De acordo com o IFL Science, num pequeno estudo clínico com 12 pacientes, o procedimento foi bem tolerado e apresentou baixo risco de efeitos colaterais. As células geneticamente modificadas ficaram quatro anos dentro dos pacientes. Infelizmente, o estudo não foi grande o suficiente para testar a eficácia do procedimento — o que agora deve mudar, com a atual aprovação da FDA, a qual permite que o estudo seja estendido a mais pacientes com HIV. A FDA também aprovou o início da Fase I do estudo de segurança, o qual consiste em três anos de estudos em humanos para testar uma abordagem que usa outro método de supressão da proteína CCR5.
De acordo com a notícia do San Francisco Business Times, os estudos devem ser conduzidos no centro médico City of Hope, na Califórnia, e está sendo financiado pelo CIRM, a agência estadual de financiamento de pesquisas com células tronco. Pesquisadores da Sangamo BioSciences Inc. e da Keck School of Medicine na University of Southern California vão conduzir os estudos. Serão incluídas pessoas com HIV/aids que tiveram respostas pobres à terapia convencional.
“Esse tipo de trabalho é importante demais para ser experimentando através de um método e esperar para ver seu resultado”, explicou o Dr. Jonathan Thomas, presidente do conselho administrativo do CIRM, ao Imperial Valley News. “Temos a missão de buscar tratamento para os pacientes que precisam. Ao tentar diferentes abordagens, chutando várias vezes ao gol, acreditamos que temos mais chances de obter sucesso.”
O procedimento espera replicar o que aconteceu com o Paciente de Berlim, a única pessoa até hoje curada do HIV. Se for provado que essas abordagens são tão eficazes na prática quanto em teoria, o procedimento pode vir a ser a primeira “cura funcional” do mundo para HIV/aids.
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