Nem o preconceito - e nada mais - pode impedir as relações homoafetivas no mundo. Aliás, não existe a menor possibilidade de alguém querer acabar com este dom humano - uma vez que ele sempre se fez presente. Não é de hoje que pessoas do mesmo sexo compartilham suas vidas. A experiência LGBT já está na cultura e no imaginário de todos. O pensamento gay existe - inclusive - no pensamento de quem não é gay. Podemos - sim - falar de uma memória gay. Existe toda uma fantasia em torno dos LGBTs. Isso não se extingue mais. Não adianta berrar, rezar, esbravejar ou gritar. Não adianta prender ou dizimar. A palavra não pode ser encarcerada. A fantasia não é uma coisa a ser extirpada. A palavra circula - ainda quando negada. Paradoxalmente, em certas circunstâncias, parece que quanto mais a negamos mais a incitamos. Não adianta difamar ou injuriar a comunidade LGBT. A população mundial incorporou o amor entre pessoas do mesmo sexo. Compartilhar a intimidade com quem quer que seja não põe em risco a humanidade de ninguém. Amar nunca fez mal. Cabem prazeres infinitos no mundo. Já está mais que provado que a liberdade sobre a sexualidade não interfere no caráter e na competência profissional de ninguém. Popularizamos e temos que popularizar - ainda mais - as teorias que demonstram que ser LGBT não é doença, pecado ou desvio de caráter. Crianças estão sendo respeitadas em suas orientações sexuais. A gratuidade de nascer LGBT é indiscutível. Em breve, tornaremos essa dádiva um fato absolutamente natural. É comum encontrarmos - inclusive não gays - detonando as rasas opiniões dos homofóbicos. Felizmente, a orientação LGBT não é mais um fato à margem. Temos LGBTs em todas as classes sociais, culturas e famílias. Esta constatação não tem mais volta. Não adianta reprimir. Não resolve legislar contra. O direito a ser LGBT já tomou a todos. Não há quem não saiba. Infelizmente, ainda há quem saiba e finge não saber.
Evaristo Magalhães - Psicanalista
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