Cada palavra aqui escrita é um suicídio adiado.
Se não quiser ler , não leia, é tudo uma bosta a base de minha mudez que ninguém gosta.
Nada aqui ou em mim há ódio, é apenas um canto de lamento.
Venci, cheguei à terra prometida, mas já era tarde demais.
Juro que faço um esforço surreal para me manter vivo, pelo menos fisicamente.
Estudo, trabalho, leio, como goiabada, lavo roupas (adoro), escrevo, apago, mas no final de tudo a vida nunca me empresta o sabor.
Peço desculpas, mas não mais farei concessões enquanto escrevo.
Depois que o fogo apagar e só restar fumaça, diga o que quiserem, eu não me importo.
Alegria só tive duas, mas foram genuínas, como as das cigarras que nascem e cantam até a morte.
É que na verdade me culpo um pouco por te contaminar com minha insanidade, mas com a mesma força que cuspo aqui meu veneno te peço perdão na ingênua e brutal esperança de que no final das contas sobre de mim, dentro de você apenas a ternura e o carinho.
Eu continuo remando, mas de que vale remar se o mar está vazio, é nessa hora que sou possuído por uma escuridão que me reduz aquela criança assustada e medrosa que um dia infelizmente eu fui.
A morte não da tréguas e hoje perdi quem mais amei. A morte me desorganiza, a vida também.
Vou continuar lutando, mas sobra à pergunta, existe coisa pior do que continuar, continuar e continuar sem esperança alguma?
Lutei, mas o inevitável aconteceu, em meio a luzes, danças, festas e também glorias a vida, a minha vida perdeu o sabor.
Escrevo para me salvar, porem sem fé nenhuma.
Sinto falta de ar, sinto falta do filho que não gestei, das flores que não plantei, do amor que perdi na esquina da morte. Ainda espero um dia me reconciliar com Deus, com a vida e suas esporas de aço.
Cada dia que passa, mais e mais deixo de pertencer a tudo e todos.
Quis o amor, fiz amor, dei amor, no final de tudo restou apenas um vale de lagrimas.
Penso que o que ainda me mantém vivo é a certeza de um dia vou morrer.
A vida nem sempre foi cruel comigo, mas o pouco que foi retalhou minha alma infantilizada inteira.
O que mais me dói é saber que a vida não é uma resposta, nem mesmo o contrario dela responde a minha mais intima perturbação.
Para mim é mais fácil entender os psicopatas dos que os ingratos. Quanta ingratidão meu Deus, tenho que engolir, sem poder dizer nada, porque nada do que sinto e escrevo altera o que quer que seja.
Nunca me senti, tão só (talvez todos sejam sozinhos, ainda que alienados não percebam).
Minha alma não cabe mais nesse apartamento, nem nessa cidade, nem no país das maravilhas.
Se por acaso um dia você me ler, te peço humildemente que nunca permita que a vida te apodreça como me apodreceu.
Escrever para mim, não é mais prazer, é apenas uma espécie de opioide.
De repente você perde o carro, a grana, a saúde, o rebolado e a alegria de viver, e inevitavelmente todos se afastam. Vou te contar um segredo que descobri a duras penas, amizade só existe até a pagina dois, amizade é mentira.
A forma como a vida me revelou a solidão também é uma forma de morte.
É torturante continuar seguindo sem a menor vontade,mas parece que de nada mais posso fugir, porque meu algoz é meu próprio destino.
Eu sou vinho, você pode me colocar mil vezes em uma garrafa de cachaça, eu permanecerei sendo vinho, mas a essa altura do meu coma emocional essa certeza, não serve para porcaria nenhuma.
Deus que me perdoe, mas quem já vivenciou a experiência de ser lixo nunca mais será inteiramente imaculado.
Escrever também é uma forma idiossincrática de sacralizar o cruento silêncio interno.
Nesse momento que você me ler com susto e horror, alguém está morrendo, provavelmente alguém amado, e eu nada posso fazer, estamos o tempo inteiro mudando de porto e até o presente momento, eu não consigo me salvar.
Estou aprendendo a odiar e amar com igual fervor o fim das coisas, talvez um dia, provavelmente em um domingo, a vida me revele do jeito mais bonito que a única forma concreta de salvação, seja justamente o tão temido fim.
Paguei e pago um caro pedágio por cada dia de vida, e se batem na minha porta eu nada posso oferecer porque até meu pão Deus jogou na chuva.
Perdoe minha falta de ar, perdoe minha falta de luz,perdoe,perdoe minha falta de força e até minha falta de amor, que outrora era constante, verdadeiro e de uma pureza quase angelical.
Nada do que fiz, vivi e escrevi foi por mal é que no auge da minha ternura pensei que brincar de viver curava feridas.
Em meu coração nunca houve grades, por isso tantos e tantos entraram e saíram, para nunca mais voltar para me ajudar a arrumar a bagunça deixada.
Não se iluda meu irmão, não se pode navegar em um rio vazio.
Obrigado por pensar em mim, aceite o meu mais puro e sincero carinho. Rasguem minha pobreza, não a guarde para si, ela é perigosa.
Agora vou parar preciso de um gole de café, um gole de vida ou um gole de uísque.
Até outro dia qualquer ou nunca mais. Basta!
Marlon Príncipe
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