Mito quer dizer narrativa. A humanidade não teria sobrevivido se não fossem as narrativas.
O mundo é nebuloso. Viver é estranho demais. Não sabemos de onde viemos e nem para onde vamos. Não podemos controlar o tempo. Vamos envelhecer e vamos morrer.
Sem as narrativas, enlouqueceríamos e nossas vidas terminariam antes do tempo.
Narrar é criar histórias sobre o que estamos vivendo ou sobre o que já vivemos. Narrar é contar como nossos antepassados deram conta e como nossos contemporâneos estão dando conta de conduzir suas vidas. Narrar é criar sentidos. É acender chamas no obscuro. É dizer que vale a pena prosseguir.
Lula não é mais uma pessoa. Lula é mais que uma ideia. É uma narrativa viva. Lula inventou e praticou sentidos. Ele mostrou, na prática, que um mundo melhor é possível. Lula é um mito. Não um mito do povo brasileiro, e sim, um mito - agora - da humanidade.
O mito é um modelo. É uma referência a ser seguida. E sendo Lula um mito, ele já faz parte da história e do imaginário do mundo. Lula é um arquétipo. Ele já é eterno. Por isso, neste sentido, não faz qualquer diferença ele estando preso ou solto.
Ninguém na história deste país conseguiu chegar ao patamar de Lula. Estávamos há mais de quinhentos anos desamparados de referências. Andávamos a ermo sem nada e nem ninguém que pudesse nos apontar um caminho.
Agora temos o Lula. Qualquer político - daqui para frente - o terá como parâmetro de comparação. Ninguém até hoje foi capaz de fazer o que ele fez. Ele foi quase ao grau máximo do modo republicano e democrático de exercício do poder.
Quantas teses não serão escritas sobre ele?! Quantos livros não serão publicados sobre ele?! Pobre de quem virá depois dele. Espero que ele ainda volte para refazer o que está sendo detonado e para terminar o que precisa ser feito.
Evaristo Magalhães - Psicanalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário