Quando criança eu escrevia poemas e histórias infantis
e já me via totalmente vitimado pelo desejo
de ser escritor. Cresci, virei um homem, deixei
muita coisa para trás e permiti que muitos sonhos se perdessem,
mas nunca desisti de minha arte (escrever), e sinto
que é só por meio dela é que consigo nascer para a vida de
meu coração.
Mandei meus poemas para algumas editoras, mas não
houve retorno. Em razão disso comecei a pensar na possibilidade
de contar para o mundo experiências vivenciadas por
garotos de programa em São Paulo.
Comecei meu trabalho de pesquisa nas ruas. Visitei
lugares de orgia, conversei com pessoas que tinham participado
de uma, conheci pontos alternativos de sexo livre,
onde tive a oportunidade de conversar com pessoas no ponto
mais alto de seus desejos. Entendi um pouco o sentido do
sexo anônimo, ou sem rosto, e conversei com pessoas totalmente
dependentes e viciadas em sexo pago. Visitei também
baladas em geral, a “boca do lixo” e outros lugares que
no decorrer da leitura você terá a oportunidade de saber.
Mas cabe ressaltar que dentre todos com quem conversei,
um deles me chamou atenção – Diego pois contava-me uma
história carregada de suspense, dor e alegria e porque não
dizer, magia.
Resolvi então contar a sua história fazendo uma junção
com tudo o que eu havia pesquisado, com minha fértil
imaginação e colocando também punhados de minha ideologia.
Após inúmeros encontros para a extração de mais
informações, Diego, que já havia se tornado meu amigo,
colocou em minhas mãos todas as suas anotações secretas
e proibidas sobre a comercialização de seu próprio corpo e
sentimentos. Comecei então a escrever uma história chocante,
e por contar em um livro acontecimentos tão inacreditáveis
ou indizíveis, senti medo do julgamento social, do
ódio ou de perder o amor das pessoas.
A junção das anotações, a organização do roteiro e a
construção do livro, de forma geral, foram tranquilas, pois
sou filósofo e isso me garante um domínio razoável da escrita.
Eu até ri muitas vezes, mas ao final do livro, que levei
três anos para concluir, resolvi ler a minha obra e chorei
muito, chorei e me perguntei mil vezes como Diego pôde
viver tudo aquilo sem enlouquecer?
Venci o medo, a vergonha e o desânimo. Em nome
de minha arte, quero explodir uma bomba de amor no coração
das pessoas; se por acaso dentro de você não houver
espaço para esta notícia se acomodar não tem importância;
de qualquer forma, cumpro meu papel de promover um encontro
entre você e sua arma mais poderosa: a reflexão.
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