Todo sentimento diabólico nasce da falta de
esperança.
Amo tanto meus filhos e sou triste porque eles não
nasceram da minha barriga.
Aos pombos dou milhos, amor, somente aos meus
filhos.
Minha alegria pirateada me traz a duvida se sou uma
mulher elegante, ou um frágil cavalo marinho.
O verdadeiro amor é apenas aquele que nasce do
ventre do sol, como a rosa branca que outrora me deram, a claridade e a
escuridão em minhas mãos.
Fui amado por caridade e usado cruelmente por amor,
não me refiro a Clara e nem a Diego, estou falando do meu maior segredo.
Em matéria de morte somos seduzidos a galopes. Estou
diante de um palácio e não consigo da um passo, de modo que todas as estradas
que nos levam para o quinto dos infernos estão sempre muito bem asfaltadas.
O que mais tem lá são rostinhos lindos como o meu,
estou falando da rua da amargura, mas ela também nos cura da agrura, anjos e
dragões é uma coisa só, independentemente das tempestades, do vento e do sol.
Clara saiu cedo foi orar na assembleia de Deus,
depois certamente vai para o copan da o cu para o drogado que vende flores e
divide um espaço menor do que meu banheiro com um cachorro nojento. Se ele
soubesse quantos ela já matou de desgosto, tomaria nojo do seu rosto.
Desde os onze anos ela mora comigo, ainda trouxe um
cachorro nojento que logo morreu.
Através da dança, sexo e gloria um dia mato
estrangulada nossa imoral historia, dona Clara Maria da Gloria.
Inocência, indecência, centenas de acontecencias, me
revela que domingo é o dia ideal para morrer, a noiva de Rosália acordou cedo e
foi comprar pão para o café da manha, na volta resolveu se matar e se jogou de
um viaduto, pulou sorridente como se estivesse parindo seu próprio voo, era domingo,
cinco dias antes do casamento delas.
Fui à igreja e paguei um padre para rezar uma missa
pela salvação da alma de Leonardo Pareja, meu Deus que homem lindo passou uma
vida gastando sua apaixonante beleza tocando violão e assaltando postos de
gasolina, a policia o matou, como mata todo mundo, o próximo talvez seja eu, ou
você.
Enquanto a missa acontecia, bastava fechar os olhos
e eu sentia o cheiro do gozo de Leonardo, mesmo sem nunca ter tocado em seu
corpo e só o conhecia pela televisão. Até hoje não são poucas as vezes que
sinto desejo de beber Leonardo, entendeu?
No final da missa paguei o jovem padre para comer
seu cu branquinho com pelos finíssimos, não usei camisinha, se nem Deus pode me
deter, porque eu temeria uma DST?
Meu gozo se derrama nas bermas da estrada,
histericamente inundada de cinismo.
O jornal onde hoje fui matéria de capa pela quinta
vez pelo simples fato de falar de cu, buceta, pica, coração e palavras como se
eu estivesse falando da hóstia consagrada, não altera minha vida em nada, de
modo que o jornal de hoje é feito apenas para embrulhar peixe na feira de
amanhã.
Se Clara sempre confunde liberdade com estado civil,
porque não posso guardar para sempre os segredos dos meus mais de cem peixes?
No meio da missa sai para fumar um pouco de cigarro
e câncer, lá fora encontrei um macho gostoso fumando sem culpas. Começamos a conversar
e alguém passou e pediu um cigarro, ele respondeu de modo grosseiro, o que
causa câncer é fumar, comprar não causa câncer. O jovem nada respondeu e se foi
vitimado pela matéria do seu silencio.
Cotei para o macho que fumava comigo, que os peixes
já riram de mim, no passado do mundo, inclusive os meus, apenas porque como
goiabada todos os dias.
Não luto para vencer, a vida já me contou que perdi,
luto apenas para bancar meu oficio de ser fiel até meu ultimo suspiro, disse o
santo padre Júlio Lancellote, só ele ainda se importa com os pobres e
oprimidos, mais ninguém, nem eu outrora suspeito.
Homens odeiam , mulheres, bichos, gays ,
gordos,idosos,pretos e pobres, nem eu que sou legalmente um príncipe eles
respeitam.
Com o pau duro dentro da cueca corro pelas estradas
para tentar inutilmente fugir da solidão com vista para o nada.
Hoje o domingo durou cem anos, dormi a tarde inteira
e sonhei, que acordava sendo Deus e acabava em segundos com todas as comidas
congeladas, com todos os evangélicos, os bancos, as redes diabolicamente
sociais ,partidos políticos, psicologia e suas inutilidades, o cigarro em minha
mão testemunhava meu talento em ser Deus.
Atormentado acordei e percebi que havia caído
idiotizado em uma armadilha, orquestrada matematicamente pelo meu mais genuíno
medo, pela primeira vez eu percebi que pior do que não poder matar, é não poder
morrer.
Ainda sonâmbulo acabei morrendo no laboratório do
inferno.
Cada dia mais pessoas me odeiam e em mim algum
mecanismo que desconheço gosta disso.
Outro dia comprei vários alimentos e matei a fome de
vários andarilhos do centro da cidade, atitude tão inútil, como ficar onze dias
observando paredes para tentar decifrar suas idades. Entender e paredes são uma
coisa só o poeta me contou. Salve Manoel de Barros e suas inutilezas.
Eu achava que a política era a segunda profissão
mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira.
Meus inimigos querem minhas mãos, meus filhos todos
querem pão, o copo já está cheio e continuo sem entender porque os moradores do
copan, sempre divide um espaço menor do que meu banheiro com um cachorro
imundo.
O homem prosaico, portador de falsa ataraxia,
morador do contrario da luz me deu a chave, mas não me contou qual das portas
ela abria, então por pura intuição, abri a porta da vingança, e assim me salvei
da minha paralisia disfarçada de movimentos.
O copo já está cheio e a caverna também é parede,
por isso todas as minhas palavras merecem um velório notável.
Para você que ainda paga caro para ler minha verborragia
hermética que todos chamam de profissão, receba minha gratidão, mas também
receba o que de fato te deseja
meu coração , quer saber? Foda-se.
Mais uma vez estou diante de um palácio. Agora tudo
mudou , não posso mais entrar ,ao passo
que me encontro totalmente gravido, de fumaça, carvão e tolice.
E o capeta que nos entenda!
PRÍNCIPE MARLON
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