A linguagem que uso é simples é a da rua, do ponto de ônibus, do barulho do vento.
Lembro-me dos vinte anos, eu infantilizado pela idéia de amor ideal, como um cachorro lambendo o chão da multidão. Amor ideal não existe.
E o logos que um dia eu fui, morreu!
Sempre fui um bom menino e nunca ganhei troféus ou flores por isso, meu crime foi revelar sem enfeites que o mundo é macabro e o homem está imerso em sua brutalidade.
Eu tenho um ponto fraco, ou todos temos?
Eu tenho uma interrogação, será que todos têm?
-Você mente, dizia ele.
- Mais do que você, ou qualquer outra pessoa comum?
Precisei aprender a mentir, para sobreviver e sorrir sem a menor vontade, com a finalidade de sobreviver a tudo inclusive a falta que você faz nesse pequeno apartamento, de amor derramado, concreto e ressentimento.
Se eu falasse somente a verdade eu já estaria morto e no inferno a sua espera.
Para ele viver é um tormento que apodrece o pensamento.
Chega, você tanto fez, e agora tanto faz.
Não vou mudar nada do que ousei dizer um dia, minhas roupinhas de anjo foram todas para o fogo do pentecostes.
Sou um prisioneiro (essa palavra é linda em italiano). Por quê? Segredo!
Se escrevo em um guardanapo, ou na areia da praia adivinhada, sou livre e é a mais bela e singela liberdade.
Ninguém precisa ler o que escrevo, mas se vier vai ter.
É tão legitimo quanto o erro de ter em mãos um guarda chuva e preferir se molhar, em quanto segue nas bermas da estrada, somente para dizer que sua tuberculose foi culpa da chuva.
A minha liberdade hoje, mais precisamente agora, é justamente aquela que se chama liberdade.
Mentir é divertido e fácil demais.
Sei que há e sempre haverá algumas poucas pessoas que pagam para ler o que escrevo, outros tantos detesta porque por pura vaidade, inerente aos malditos eu nunca te prometi final feliz, nem sei se ele existe.
Você nem se quer sabe o qual a diferença entre vida real e vida ideal e ainda quer que eu me submeta a caridade gratuita?
Levo-te sim até meu altar, você chora e eu te perdoarei. Prometo!
Agora vou fazer aquilo que até a ultima madrugada eu julgava o pior dos pecados.
Talvez eu tenha que acarinhar esse meu ego latente que deseja a morte dos palhaços!
Marlon de Albuquerque
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