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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Filosofia


Nietzsche (1844-1900 d. C.) defendeu que a grandeza do homem grego – e com ela a grandeza da humanidade – teve fim quando a filosofia substituiu a tragédia. Enquanto essa última representava a vida na sua crua realidade, sem mascarar evidência de um homem dominado por forças incontroláveis a ele superiores. A partir de Sócrates prevaleceu uma atitude de fuga em relação à vida, uma patologia do espírito, cujos sintomas são o medo e a insegurança psicológica, unidos ao absurdo desejo de encontrar uma explicação racional para qualquer evento, de modo a esterilizar a vitalidade do mundo e dos instintos por meio do uso constante e absoluto da razão (Giles, 1989; Reale e Antiseri, 1990).
• Invertendo a ordem tradicional de valores, Nietzsche identifica na morte de Sócrates, no seu desejo de morrer, o primeiro e mais evidente sintoma dessa milenar doença (a filosofia), que deprime o homem ocidental. A expectativa da perfeição num outro mundo levou os homens a desvalorizarem e a suportarem as imperfeições desse mundo. Em vez de lutarem para se tornarem perfeitos aqui, colocam a confiança num futuro distante, numa vida além. O anúncio da morte de Deus, o núcleo da reflexão de Nietzsche, indica o progressivo desaparecimento na cultura do homem moderno de todas as filosofias, religiões ou ideologias que no passado exerciam a tarefa de iludí-lo e consolá-lo (Nicola, 2005; Nietzsche, 1979).
• A necessidade de Deus já desapareceu da consciência do homem moderno. Deus está morto, pois os homens o mataram. As explicações cientificas e iluministas tomaram seu lugar. Aquele que é capaz de suportar psicologicamente esse evento, não necessita mais de ilusões tranqüilizadoras porque com o espírito dionisíaco aceita a vida com seu caos intrínseco e ausência de sentido. Para Nietzsche Dionísio representa vida, força vital, saúde, instinto, escuridão e embriaguez. Já Apolo representa morte, racionalidade, doença, intelecto, luz, imobilidade e sonho (LeFranc, 2005).
• Segundo Nietzsche, o niilismo passivo, ou niilismo incompleto é a negação do desperdício da força vital na esperança vã de uma recompensa ou de um sentido para a vida; opondo-se frontalmente a autores socráticos e, obviamente, à moral cristã, nega que a vida deva ser regida por qualquer tipo de padrão moral tendo em vista um mundo superior, pois isso faz com que o homem minta a si próprio, falsifique-se, enquanto vive a vida fixado numa mentira. Assim no niilismo não se promove a criação de qualquer tipo de valores, já que ela é considerada uma atitude negativa.
• Niilismo ativo ou niilismo-completo propõe uma atitude mais ativa: renegando os valores metafísicos, redireciona a sua força vital para a destruição da moral. No entanto, após essa destruição, tudo cai no vazio: a vida é desprovida de qualquer sentido, reina o absurdo e o niilista não pode ver outra alternativa senão esperar pela morte (ou provocá-la). No entanto, esse final não é, para Nietzsche, o fim último do niilismo: no momento em que o homem nega os valores de Deus, deve aprender a ver-se como criador de valores e no momento em que entende que não há nada de eterno após a vida, deve aprender a ver a vida como um eterno retorno, sem o qual o niilismo seria sempre um ciclo incompleto (Nietzsche, 2009).
• As doutrinas éticas do passado sempre viram nos valores morais um sistema absoluto e universal independentemente do período histórico e da localização geográfica. A hipótese genealógica de Nietzsche sugere, ao contrário, a possibilidade de desenvolver uma história de valores morais identificando o seu nascimento em condições histórico-sociais específicas. O efeito é obviamente uma relativização dos próprios valores, capaz de revelar o conteúdo humano (demasiado humano, no dizer de Nietzsche) que está na sua base. Ou seja, o homem criou os valores que o regem, os naturalizou, esqueceu disso e acredita que eles sempre existiram como algo fixo, sólido e imutável (Nietzsche, 2009).
• Para Nietzsche, matar Deus significa liberta-se das cadeias do mundo sobrenatural, ser capaz de viver falsas esperanças (a imortalidade da alma, o Paraíso), aceitando com alegria a vida na sua totalidade, incluindo a morte. Isso significa ficar preso a terra, o Super-Homem (novo homem) é aquele que, longe de querer entender o significado do mundo, consegue impor ao mundo os seus significados. Como Protágoras, Nietzsche também afirma que o homem é a medida de todas as coisas, porque dele, da sua vontade de potência, cada coisa adquire um sentido. Daí surgem as características do Super-Homem que está além da racionalidade, despreza todo valor ético, vive num mundo dionisíaco, reconhece o engano inerente a todas as filosofias, percebe o tempo como eterno retorno (Nietzsche, 1999).
• A teoria do eterno retorno de Nietzsche era fazer com que os homens pensassem que ao morrerem, retornariam ao exato momento de seu nascimento e tudo o que passou seria exatamente repetido infinitas vezes. Nietzsche acreditava que se pensássemos na vida tendo como referência esse "eterno retorno", seríamos muito mais responsáveis nas escolhas de nossos atos, porque saberíamos que cada ato, cada palavra, cada ação, assim como a ausência delas, seria repetida pela eternidade. Seu intuito era que o homem enxergasse assim a vida para que a vivesse da forma mais plena possível. Assim, Nietzsche coloca a seguinte pergunta: essa vida, assim como você a vive hoje, seria digna de ser repetida por toda eternidade? (Nietzsche, 1979).

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